Projeto Motivação: além da prática de exercícios físicos, uma lição de cidadania.
Salve meus amigos, tudo bem?
Já ouviram falar de pessoas cegas ou com baixa visão correndo nas ruas?
Sim, elas também correm e praticam várias modalidades esportivas e não é só nos Jogos Paralímpicos. Nas corridas de ruas é bem comum notarmos as presenças delas sendo acompanhadas por seus GUIAS, os quais se empenham ao máximo para que tudo transcorra bem durante o percurso, dando-lhes suportes que vão desde palavras motivacionais, direcionamento a fim de desviar o atleta cego ou com baixa visão de eventuais riscos como buracos, obstáculos na via, até o oferecimento de água para hidratação e repositores energéticos.
Todas essas tarefas realizávamos no Projeto Motivação, uma das melhores experiências como docente vivida por mim, o qual foi criado para possibilitar a inclusão social e a integração de pessoas com deficiências visual na corrida e caminhada como modalidades esportivas e como meio de exercícios físicos. Para que isso acontecesse, convidamos GUIAS VOLUNTÁRIOS e adotamos todas as medidas de precauções necessárias a fim de lhes possibilitar segurança e a confiança.
Criei o Projeto Motivação em 2001 e juntamente com amigos deficientes visuais e colegas de turma do curso de graduação na Faculdade de Educação Física, da Universidade Metropolitana de Santos (FEFIS/UNIMES), conseguimos levá-lo adiante. Nossa intenção à época era inserir uma categoria para que pessoas cegas e com baixa visão pudessem ser premiadas no tradicional Campeonato Santista de Pedestrianismo, realizado há mais de vinte e cinco anos na cidade de Santos/SP, e mais, que pudessem largar e correr juntos das pessoas “ditas normais”.
Contudo, as maiores dificuldades enfrentadas foram a falta de acessibilidades, principalmente nas calçadas, banheiros públicos, equipamentos esportivos, transportes coletivos e no desconhecimento das pessoas de como interagir com esse público.
Infelizmente, em pleno século XXI, para muitos indivíduos as pessoas com deficiências ainda permanecem invisíveis. Somente quem tem um familiar ou amigo nessas condições, ou os militantes que lutam pela inclusão social e por uma sociedade mais justa e profissionais que atuam com esse segmento entendem os problemas que eles enfrentam no dia a dia.
O projeto foi um sucesso, pois teve ampla divulgação de importantes órgãos de imprensa do País, os quais nos procuraram incessantemente para a realização de matérias que serviram de incentivo para que mais pessoas deficientes visuais e guias voluntários se engajassem na busca de mudança de hábitos e na procura da qualidade de vida por meio da adoção de atitudes saudáveis como a prática de exercícios físicos, o esporte e a alimentação adequada as suas demandas energéticas. Assim como a importância da realização de exames médicos e avaliações físicas.
Outro legado muito importante foram benefícios às suas saúdes reconhecidos por meio dos relatos dos próprios participantes, os quais constam no Trabalho de Conclusão de Curso que se encontra arquivado na biblioteca da FEFIS/UNIMES em Santos/SP, de que a prática esportiva melhorou:
- a postura corporal;
- a respiração;
- a resistência física;
- a locomoção;
- a sociabilidade;
- o reconhecimento do público antes, durante e pós eventos;
- a autoestima;
- a motivação.
A saúde como um todo foi a grande privilegiada, corroborando que o esporte é sim um agente capaz de auxiliar nas mudanças de atitudes e comportamentos sociais, pois trata-se de um excelente meio de integração e inclusão social, embora sejam necessárias realizações de melhorias pelo Poder Público para que facilite o acesso das pessoas com deficiências aos equipamentos esportivos, academias, clubes, ginásios e locais de competições.
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