Quem não deseja ter o abdome dos sonhos? Na maioria das vezes o assunto é visto como questão estética, porém, cumpre-me esclarecer que barrigas com alta concentração de gorduras além de tornar pessoas alvo de brincadeiras indesejáveis, as deixam sob riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e até a morte precoce. A tal da barriga chapada ou tanquinho, aos olhos de alguns pode até parecer algo inimaginável, mas para quem está com ela protuberante há necessidade sim de diminuir o tamanho, pois não se trata somente de objeto de vaidade.

Entendendo o processo de engorda

Os carboidratos, massas, doces, pães e outros derivados de farinha de trigo refinada que ingerimos se transformam em glicose e são usados como fonte de energia, os excessos são armazenados no fígado e músculos em forma de glicogênio como reserva e para o funcionamento dos órgãos internos. Se continuarmos consumindo exageradamente tais alimentos, essa glicose será transformada em triglicerídeos e somadas a outras gorduras saturadas de origem animal e estocados nas células adiposas. Quanto mais “alimentarmos” essas células, mais elas aumentarão de tamanho, peso e se multiplicarão. O grande problema é a sua concentração na região intra-abdominal, a temida gordura visceral.

Riscos da gordura visceral

Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Obesidade, o ideal é mantermos a circunferência abdominal em valores ≤ 88cm e ≤ 94cm respectivamente para mulheres (M) e homens (H), e não deixar ultrapassar números ≥ 88cm e 102cm para M e H, a fim de que não haja riscos de desenvolvimento de Síndrome Metabólica¹, resistência insulínica, diabetes, esteatose hepática, hipertensão arterial, angina, aterosclerose, derrame, infarto agudo do miocárdio e óbito.

Sedentarismo

De acordo com a pesquisa divulgada pelo Ministério do Esporte (2016)², 45,9% dos brasileiros são sedentários e as principais alegações apresentadas para o abandono aos exercícios e atividades físicas são: falta de tempo, estudos, trabalho, família, falta de resultados, socialização, problemas na prática, problemas de saúde ou idade, motivos econômicos, falta de espaços, cansaço, preguiça e desmotivação, porém a grande maioria têm consciência da necessidade de se exercitar para melhorar suas condições de saúde.

Mudança de comportamento

É importante salientar que não há milagres para obter a barriga sonhada. O que existe é a conjugação de esforços como: alteração do estilo de vida, realização de exames médicos de saúde cardiorrespiratório e endócrino, para a verificação de possíveis questões relacionadas ao funcionamento do coração, hormônios e metabolismo, organização das rotinas diárias, planejamento de horários para a prática de exercícios físicos, melhoria nos hábitos alimentares e acreditar em si mesmo.

Exercícios físicos e alimentação

Gorduras e carboidratos desenvolvem papéis importantes em nosso organismo, principalmente no fornecimento de energia, porém é necessário movimentar o corpo para “queimar” os excessos destes “combustíveis” que devem ser de boa qualidade e não os estocar para não acumular e causar prejuízos à saúde.

Exercícios físicos aeróbios, Fortalecimento Muscular e o Treino Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) produzem excelentes resultados. O HIIT é ideal para quem reclama da falta de tempo e pela queima calórica prolongada pós exercício, porém, devem ser observadas as restrições quanto ao seu emprego em pessoas sedentárias, obesas, com problemas cardíacos e articulares.

Recomendo sempre que a prescrição e o acompanhamento dos treinamentos sejam feitos por um Professor de Educação Física capacitado, pois muitas pessoas acabam se lesionando pelos excessos de carga e volume de treinamentos e a falta de descanso para a recomposição orgânica, sobretudo quando o objetivo é atingir resultado a curto prazo. 

Fonte de consultas:

1.  Síndrome Metabólica: mudança de hábitos. Disponível em http://wilsoncarlospersonal.com.br/sindrome-metabolica-mudanca-de-habitos/ . Acesso em 27mai2018.

2.  Ministério do Esporte. Diagnóstico Nacional do Esporte. Disponível em http://www.esporte.gov.br/diesporte/diesporte_grafica.pdf. pág. 09-11. Acesso em 01jun2018.